A série Eu Nunca… ganha pela maneira que retrata o luto da perspectiva adolescente

Recentemente finalizei uma série teen muito boa. E quando eu escrevo “boa” quer dizer que para mim, ela se superou dentro do seu próprio gênero (mesmo com clichês), ao abordar temas como o luto sem parecer mórbido e altamente melancólico. Eu nunca… poderia ser só mais uma aposta sem graça da Netflix, mas a série me ganhou pela sua narrativa formidável, a ambição emocional que ela emana e por todos os seus aspectos culturais, étnicos e sociais incorporados na trama.

Foi lançada em 2020 e já tem a 3ª temporada, que saiu recentemente. É dirigida por suas co-criadoras Lang Fisher e Mindy Kaling, e narra a história da Devi Vishwakumarde, uma adolescente indiana extremamente inteligente que sonha em ser uma grande gostosa popular do colégio ao mesmo tempo que lida com o luto profundo da perda de seu pai.

Essa busca incansável em ser vista e a vontade de anular seu luto, faz com que ela lide com diversas consequências das decisões que ela toma. Devi ainda vive altas descobertas sobre si mesma, junto com suas duas melhores amigas, que são suas cúmplices na verdade.

É uma série adolescente bem representativa, cada personagem possui personalidades bem distintas e tem até um certo nível de profundidade nas relações de cada núcleo em que a personagem principal se insere, e esses aprofundamentos nos personagens foi construída de uma forma muito fluída.

Gosto do jeito que a série se desenrola. É contada por um narrador, que praticamente descreve o que ela está pensando em tomadas de decisões ousadas, e não apenas ela ta? Seus dois lados amorosos também ganham seus próprios narradores, tudo isso pra entendermos melhor como funcionam esses dois personagens. O que nos leva a adotarmos um favorito: Quem será que a principal vai escolher?

Mas o foco principal fica estabelecido na perda que o pai faz na vida da protagonista. O luto é entrelaçado ao roteiro numa delicadeza ímpar, e claro que a série nos mostrou o processo da personagem, em viver esse sofrimento e se curar também, mostrou que o luto é sim uma forma de amar e homenagear um ente querido, e por mais triste que pareça, faz parte do processo da vida humana. Esses embates que a Devi encarava, eram postos à mesa nas cenas de terapia psicológica, as melhores cenas.

A série ainda retrata de forma leve alguns temas como a maternidade, relacionamentos tóxicos, a tradição indiana que envolve o núcleo familiar da Devi, estereótipos masculinos, transtorno alimentar (Anorexia) e outros pigmentos de assuntos interessantes que TODO adolescente deveria prestar atenção e tirar de lição.

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