Se você está procurando alguma obra confortante pra assistir por esses próximos dias, uma indicação é Ollie, O Coelhinho Perdido, chegou no catálogo da Netflix e se destaca pela premissa despretensiosa e um enredo singelo.
Não dá pra julgar um livro pela capa mesmo. Quando passei pelo título recuei antes de soltar o play, seja pelas cenas infantis ou simplesmente pelo protagonista ser um coelhinho de pelúcia. Sim. Ollie é um ursinho de pelúcia que começa a desbravar a pequena cidade pra encontrar novamente o seu melhor amigo.
Vai lembrar um pouco Toy Story e até parecer uma cópia mal feita da obra, mas não chega a isso. No desenrolar do roteiro vemos uma obra emotiva, delicada e capaz de arrancar lágrimas de qualquer marmanjo (foi o meu caso). É uma série pra encantar o público infantil, mas foi capaz de servir lições que se perpetuam durante todo o nosso processo de crescimento.
Ollie foi um presente de uma mãe que resolveu abraçar a adoção, interpretada pela maravilhosa Gina Rodriguez. A minha teoria é de que ele ganhou vida de tanto amor, e só a criança consegue interagir com o brinquedo. Fica claro que a inocência e a pureza no coração são a chave pra entender o pelúcia. Só que o tempo passa, e crianças crescem, Billie é pressionado pelo pai a ter mais maturidade diante dos acontecimentos e do luto que chega quando a mãe falece.
E essa questão do luto pega mais. E sem deixar isso claro, eles mostram o luto por duas perspectivas diferentes. Enquanto Ollie busca seu dono pela vontade de faze-lo se sentir melhor diante do luto, outro personagem antagonista busca culpar sua perda. Fica mais evidente enquanto caminhamos para o final.
Mas nem só de pureza e amor fazem esse enredo. Outros personagens trazem toda a tensão na narrativa, são brinquedos com histórias que se cruzam até chegar no momento que Ollie ganha vida e um novo dono. Ódio, rancor e saudade também fazem parte dessa narrativa.
Os relacionamentos que a série transcreve são envolvidos de muita tensão emocional, e que não precisam ser necessariamente formados por traumas. As cenas desses momentos são reveladas no decorrer da série por meio de flashbacks, nos dando pontos pra serem ligados no final.
Nem os furos de algumas cenas que não tem muito sentido fizeram mal para o desfecho. Posso chamar de “apropriado” as cenas em que os brinquedos se esfaqueiam (juro), e caem no chão com vida, tenha em mente que é uma ficção que conversa com as crianças.
Destaque pra cena de renascimento do coelhinho, uma cena mega produzida, fotografia impecável, iluminação fazendo jus ao acontecimento e a música cheia de tensão emocional que junta, fizeram um gay chorar, o desfecho perfeito.