Tem vezes que a gente fica sabendo sobre algo e pensa “Ai não vou criar muita expectativa sobre, mas vou ver né?”. Pose é uma dessas vezes, com vários tapas na cara, algumas (MUITAS NA VERDADE) lágrimas derramadas e muita representatividade, em mais ou menos 8 horas essa série vai te fazer se apaixonar. Ela foi rumorada em março de 2017 e confirmada com a contratação do brilhante Billy Porter, ganhador do Tony Awards 2013 por Kinky Boots. Eu não esperava que fosse ser ótima, mas Pose me proporcionou uma das experiências mais fantásticas, emotivas e educativas que uma série já apresentou até então.
Ela narra de forma ampla a década da epidemia da AIDS e a segregação que ocorreram pré anos 2000 na história da comunidade LGBT nova iorquina, e conta a história por dentro do ball culture, um sistema de casas e ballrooms que aconteciam dentro da comunidade queer da época. A narrativa também fala do lado cruel da descoberta de si, sobre a solidão da pessoa que se descobre trans/gay/lésbica/bi, e como o reconhecimento da própria identidade LGBT quando pertencendo e existindo ativamente dentro desta comunidade nós trás aquele significado de família que falta no tormento de ser diferente da maioria das pessoas heteronormativas. Em entrevista a EW, Indya Moore disse que Pose “é sobre família e explora a dinâmica entre o mais marginalizado grupo de indivíduos que a maioria das pessoas consideram incapazes de constituir uma família” e é nisso que a série foca em diversos momentos enquanto te conta a histórica da Haus of Evangelista, e da “mother” Blanca que comanda suas crias com mão de ferro e muito amor. Durante os episódios são tocados em muitos assuntos como amor, sexo, saúde, persistência e identidade, tudo com uma visão da realidade das pessoas trans e homoafetivas da época.
Pose é um marco na história LGBT por vários motivos diferentes, ao ElPais o produtor Ryan Murphy, também criador de Glee e American Horror Story, falou ser uma história que ele queria contar desde que assistiu Paris is Burn (1990). Ele encontrou uma história que merecia ser produzida quando conheceu Steven Canals e leu o seu roteiro da série. Canals cresceu dentro da comunidade do Bronx, onde conviveu com pessoas e realidades parecidas das encontradas em Pose. Isso faz com que a ambientação da série seja fiel e consiga transmitir essa percepção de uma história por dentro da comunidade LGBT. A percepção e representatividade também se deve aos diretores e escritores dentro da produção, Silas Howard e Janet Mock dirigiram os dois episódios mais emocionais e reais de toda a temporada, Howard o episódio 5 “Dia das Mães” e Mock o episódio 6 “A mensagem é amor”. Janet Mock ainda fez história por se tornar a primeira mulher trans preta à escrever e dirigir um episódio de série na televisão norte americana.
A série fez um sucesso estrondoso nos EUA, já tendo sido renovada para a segunda temporada, com críticas positivas dos portais especializadas Deadline, Variety e Entertainment Weekly, sendo que na última o elenco foi capa da edição especial anual para a população LGBT. Aliás, esse é o principal destaque da série, além de outros atores e atrizes mundialmente já conhecidos como Kate Mara e Evan Peters, o seriado conta com uma enorme diversidade de atores e atrizes trans, pretos e latinos no elenco, sendo destaques a talentosíssima MJ Rodriguez e a maravilhosa atriz e modelo Indya Moore.

Juntando uma história digna de Emmy, um texto inspirador e uma ambientação visual e musical perfeita cheia de referências POP, com direito a Diana Ross, The Point Sisters e Whitney Houston. Você precisa assistir Pose, para aprender mais sobre a história da comunidade LGBTQ, e entender como é difícil e plural a existência humana, seja você travesti, lésbica, gay, cisgênero, transexual e etc.
E ai, te convenci? Vou deixar um vídeo aqui em baixo e veja por você mesmo se vale a pena assistir.